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Petrogrado, Xangai (Portuguese Edition)

por Alain Badiou

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Curioso para saber se era realmente possível ter uma apreciação apreciação positiva da revolução cultural chinesa, pedi esse livrinho emprestado. Mas comecemos por Petrogrado e a revolução russa. Badiou, jogando dos caçadores coletores aos citadinos cosmopolitas no mesmo saco, fala de como esta revolução seria a inauguração da possibilidade de sairmos da civilização neolítica, para ingressar em uma fase em que levamos a sério a ideia de humanidade, insistindo na igualdade dos indivíduos, rumo a uma sociedade pós-neolítica, que pensa o que é a política, para além do acúmulo de poder. O nome desse movimento é, claro, comunismo. E se a ideia é grosseira (desconsiderando qq diferença antropológica e sociedades indígenas), ela também tem algo de simpático. Mas e sobre a revolução cultural? "Ser maoísta na França é fácil, quero ver ser maoísta na China". Badiou tenta então reorientar a apreciação do acontecimento se restringindo ao período inicial (1966-68), insistindo que era um momento de reconhecer que Estado e Partido não deveriam se confundir, e que havia uma infiltração pró capitalista dentro dos próprios dirigentes - que levariam a China para o capitalismo de estado dos anos pós-revolução. Que por isso era preciso romper com a rigidez dos dirigentes e implementar revoltas que resultassem em democracia direta; que essa participação efetiva do povo garantiria um controle do partido que impediria tendências conservadoras, sem causar uma guerra civil; que Mao não era bem uma pessoa, mas um significante vazio, que encampava essa luta; mas que esse nome também era usado por ambos os lados. Isso convence? Mais ou menos. O texto se esforça bastante para extrair dos acontecimentos a ideia positiva - emancipatória. E é verdade que há documentos da época que corroboram a leitura. Mas o fenômeno é muito mais perturbador e complexo que a ideia que ele poderia iluminar. Sobre a guarda vermelha e as políticas de ultra-cancelamento que ela promoveu: Badiou comenta como não se pode deixar jovens agirem na política por si só - como viram rapidamente iconoclastas e moralistas hipócritas. É uma cartada rápida, mas pensando aqui sobre a cultura do cancelamento da internet, talvez seja isso mesmo. Só isso? Apesar da ideia de separar as disputas ideológicas entre aquele entre inimigos e o entre as massas, o primeiro como um combate feroz e o segundo como um processo de debate e amadurecimento, havia ampla margem para que as pessoas deliberadamente vissem nas massas "pequenos burgueses mascarados" e disso seguiu o horror. ( )
  henrique_iwao | May 4, 2024 |
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Alain Badiouautor principaltodas las edicionescalculado
Valls, OriolTraductorautor secundarioalgunas edicionesconfirmado
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