Ruth Rocha

Um reizinho mandão (que no fundo era um menino mal-educado e mimado) mandava todo mundo calar a boca. De medo, as pessoas calavam. E calaram tanto que esqueceram como falar. Sério, ninguém mais no reino sabia dizer nada.
O reizinho ficou culpado e triste (porque imaginem que chato um lugar onde é impossível conversar...) e foi atrás de um sábio que vivia no reino vizinho para ver se ele tinha algum conselho, alguma ideia sobre o que fazer para que as coisas voltassem ao normal.
O sábio disse que ele teria que bater de porta em porta até encontrar uma criança que ainda lembrasse como se fala. E lá foi o reizinho mandão, de casa em casa, sem saber se aquilo ia dar certo...
Um dos três livros que escreveu sobre reis (os outros dois são Sapo vira rei vira sapo e O rei que não sabia de nada), em O reizinho mandão a Ruth Rocha aborda — com a graça que é parte do seu estilo, mas também com seriedade — temas caros à história brasileira das últimas décadas, como democracia, poder e liberdade.… (más)

Catapimba inventou de fazer um piquenique na represa e convidou todo mundo, menos o pessoal do Sai-da-Frente, que era o nome do time de futebol da turma da rua de baixo. A Mariana sugeriu ao Catapimba que eles fizessem uma lista com o que cada um levaria. Não gostaram da ideia dela. Na hora do vamos ver, quem disse que tinha vitrola para tocar os discos que um deles levou? Quem disse que alguém pensou no abridor para as latas de comida? E onde é que estavam as bolas para as raquetes? Que frustração! Mas logo ali pertinho, subindo o morro, a turma do Sai-da-Frente também fazia um piquenique e, assim como a turma do Catapimba, ninguém tinha feito lista nenhuma...

Mais uma jóia da séria “A Turma da Nossa Rua”, O piquenique do Catapimba é uma dessas narrativas alegres e graciosas que a Ruth Rocha parece escrever com grande prazer — o prazer de quem realmente gosta da vida e das crianças.… (más)

Alvinho adorava levar pra casa tudo o que encontrava na rua.

Desde berloque, canudo,
barbante, escama, tampinha,
pau de sorvete, latinha,
até besouro chifrudo!

Sua mãe não via muita graça nessa mania e tratava de se livrar da tralha toda que o filho acumulava no quarto.
Um dia, porém, Alvinho encontrou uma pedra tão bonita — tão redonda, tão lisinha — que, assim que entrou em casa, ele a escondeu debaixo da cama. Sua mãe nem tchum.
O que Alvinho não sabia era que sua pedra não era exatamente uma pedra...
De matar de rir e com um final encantador, No caminho de Alvinho tinha uma pedra é uma dessas histórias absurdas que, contadas pela Ruth Rocha, parecem muito naturais. Quer prova maior de que o livro é bom?… (más)