O livro, escrito no final da década de 50, está dividido em duas partes, a primeira sobre a obra musical de Schoenberg, a segunda sobre Stravinsky. Em ambas há um tanto de perspicácia e ideias valiosas, uma vez que se tem paciência de reler trechos obscuros e alusivos, e já temos uma ideia sobre o que Adorno quereria dizer sobre o assunto. Com isso, o livro certamente exige muito do leitor, mas também, ao menos quanto à Schoenberg, o dodecafonismo e a escola de Viena, entrega. Não no sentido de estabelecer uma crítica firme para os dias de hoje do que foi Schoenberg ou o dodecafonismo, mas sim de permitir a extração de ideias interessantes, que dão muito o que pensar. A segunda parte, sobre Stravinsky, entretanto, exige mais esforço, dado que, exceto nas poucas críticas mais elogiosas (como da Sinfonia em 3 movimentos), o joio da crítica da conformidade social e da necessidade de um organicismo de base, torna difícil colher o trigo da estranheza fria, inquietante, junto ao familiar, da insistência dos blocos e de uma dureza contra a expressão, à abertura aos ritmos que deslocam a ideia de desenvolvimento, que Stravinsky fornece, ora bem, ora mal. ( )