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Georges Belmont (1909–2008)

Autor de Marilyn Monroe and the Camera

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Apart from the superb photos of MM, this work also includes one of Marilyn's latter-day interviews, plus a summary of her biography.
 
Denunciada
PhilSyphe | Jul 12, 2017 |
Depois de ter lido “Em Busca do Tempo Perdido” fui em busca de algo mais, de saber quem era realmente Proust, o quanto se escondia dele por detrás da figura do seu narrador. Existem dezenas de livros sobre Proust, e de análise da sua obra. Muito se escreveu e continua a escrever, desde análises da pintura em Proust, à literatura, filosofia, amores, autoajuda, etc. De todos, os que me parecem reunir maior consenso são as duas biografias, ambas com mais de mil páginas cada, uma do britânico William Carter, e outra do francês Jean-Yves Tadie. A de Tadie parece ser mesmo a mais recomendada, contudo depois de perceber que Tadie tinha seguido religiosamente um outro pequeno livro chamado “Monsieur Proust”, decidi ler primeiro este. “Monsieur Proust” foi escrito por Céleste Albaret, a senhora que tratou de Proust, e viveu com ele, durante os seus últimos 9 anos de vida.

Li o livro em francês, já que não está editado em Portugal, mas apresentei alguma resistência inicialmente, já que não tinha lido a Busca em francês, o que me deixava com um certo amargo, estar agora a ler o livro da sua “governanta”, em francês. Contudo, não se pode comparar. Este é um livro com uma escrita muito simples, escrito pela própria Céleste, e organizado por Georges Belmont. Ler a "Busca" em francês seria talvez aconselhável, e talvez o faça ainda um dia, mas para primeira vez, deve ser lido na língua que melhor se domina, de outra forma abre-se caminho a deixar o livro a meio.

O livro de Céleste é uma verdadeira jóia biográfica, um relato na primeira-pessoa de alguém que viveu todos os dias dos últimos 9 anos, sem exceção, junto do escritor. Céleste foi trabalhar e viver para casa de Proust, pouco depois de ter sido lançado o primeiro livro, “O Lado de Swann”, em 1913, tendo acompanhado Proust durante todo o tempo em que escreveu os restantes 6 livros. Proust não via Céleste como um seu par, ela não tinha muita formação nem muito interesse em literatura, tendo começado por a encarar primeiro como criada, e depois, simultaneamente, como sua mãe e filha. Deste modo a relação que se estabelece entre ambos foi muito forte, o que naturalmente acaba por criar algum viés na análise dos factos. Céleste é incapaz de dizer algo de mal sobre Proust, tudo o que ele fazia era quase sagrado, e percebemos várias vezes como ela embeleza o real das suas recordações. Assim esta abordagem, carregada de respeito e sentimento, acaba contribuindo ainda mais, para elevação da imagem do autor semi-divino, que muitas vezes sentimos ao ler a obra de Proust.

Devo dizer que ler “Monsieur Proust” é uma experiência sui-generis, porque se entrelaça profundamente com a leitura da “Busca”, do mundo experienciado no romance, e que é aqui suportado por relatos de uma alegada verdade. Este livro serve quase como testamento ao romance, no sentido em que nos dá algumas provas da verdade que Proust afirmava estar à procura no seu livro. Celeste vai descrevendo o que sentia, e relata muitos diálogos tidos com Proust, que nos fazem viajar no tempo, e por vezes quase nos levam a sentir que estamos ali, no apartamento de Proust, a vê-lo e a ouvi-lo. O carinho de Celeste para com Proust é aqui fundamental para que o relato surta todo este efeito, a forma como ela nos apresenta Proust, acaba aproximando-se do modo como Proust nos vai apresentando o seu narrador no romance. No final, depois de terminar ambas as leituras, e apesar de aceitar que o mundo do romance é imaginário, ele tem tanto de Proust, que só podemos aceitar que o que Proust almejava para a sua arte, foi inteiramente conseguido.

Fecho com algumas das citações que mais me marcaram na leitura do livro, embora não cite nada da fase final do livro, dos últimos dias e horas de vida do escritor, porque foram de uma leitura extremamente intensa, além de acreditar só fazer sentido serem lidas por quem já leu a “Busca”.


As memórias, sempre as memórias.

Celeste: “Peut-être que, s’il a lutté ainsi contre le temps pour terminer au plus vite, c’était qu’il pressentait la fin de tant de choses qu’il avait aimées et qui n’étaient déjà plus que des ombres de souvenir, alors que, lui-même, il était pressé par la mort.”

Proust: “Les fleurs représentent l’amitié et l’amour qu’on porte aux vivants ; les morts n’en ont que faire. Fleurir les tombes, c’est un usage et je l’observe ; mais croyez-moi, chère Céleste, je n’ai pas la dévotion des cimetières. Ce n’est pas là que je trouve mes chers disparus. Ma dévotion est dans le souvenir.”

Proust: “Parce que, Céleste, les paradis perdus, il n’y a qu’en soi qu’on les retrouve.”
As influências assumidas por si
Celeste: “C’était en 1900 ou 1901, durant les deux ou trois années pendant lesquelles, me disait-il, il avait fait trois des découvertes qui avaient le plus marqué son esprit : l’écrivain anglais Ruskin, les cathédrales — surtout celle d’Amiens avec son ange — et Venise et sa peinture.”


A origem do método de trabalho

Proust: “Mais, Céleste, ce n’est pas un don. C’est d’abord une tournure d’esprit qui se cultive et qui devient une habitude à la longue. Comme il y avait beaucoup d’activités qui m’étaient interdites, je restais plus souvent immobile que les autres, au milieu de la vie et, ne fût-ce que pour me distraire, je les regardais s’agiter, souvent avec envie, ce qui faisait que je les regardais encore mieux. J’ai commencé tout enfant. Du jour où j’ai eu mon asthme, aussi bien aux Champs-Elysées qu’au pré Catelan d’Illiers, dans la maison de mon oncle Amiot, je ne courais pas, je me promenais. A Illiers, je pouvais rester des heures à regarder couler les eaux du Loir, puis à lire ou à écrire dans le petit pavillon avec toute la nature sous les yeux. Quand j’accompagnais mon oncle dans son tilbury, c’était la même chose ; je voyais le paysage se déployer et bouger, les clochers des villages tourner dans la plaine. La vie, les gens, c’est aussi une nature qui se déploie et qui passe ; mais, à force de regarder, d’observer, on finit par s’intéresser aux rapports et, comme les savants, des rapports, avec la réflexion, on en vient à découvrir des lois.”


O espelho emocional

Celeste: “A l’époque, je ne me rendais même pas compte de sa provocation ; je « marchais », comme on dit. C’est après sa mort seulement que j’ai compris. Et je ne m’avancerais pas jusqu’à ce genre je suis persuadée aujourd’hui que ce n’était pas tant mon jugement qu’il voulait. Plutôt ma réaction, je le répète. J’avais le tournant de l’esprit assez moqueur ; spontanément, je lui livrais le fond de mon âme et de mon cœur... pan ! — c’était cela qu’il voulait.”


O reconhecimento do privilégio que providenciou a sua obra

Proust: “Ils [os pais] m’ont gâté jusqu’au bout en me laissant une fortune, avec toute la liberté d’en jouir comme il me plaisait, sans plus avoir à demander rien à personne. Mais même cette liberté n’a jamais pu les remplacer pour moi. Et pourtant elle existe, Céleste, elle existe... Sans elle, je n’aurais jamais pu faire ce que je fais. Et Dieu sait cependant comme Maman pouvait s’ingénier de son vivant pour me la donner déjà !"


Apenas a obra importava, nada mais

“C’étaient toujours des petites montres tout à fait ordinaires — je les payais cinq francs d’alors, je m’en souviens. Il n’en voulait pas d’autres. — Comme cela, disait-il, si je les casse, elles sont bonnes à jeter sans remords. Une montre, pour la faire réparer, il en coûte plus cher que d’en acheter une neuve. (..) Cela faisait partie de sa conception pratique des choses, qui était très personnelle, il faut le reconnaître (..) - Et prenez-moi un modèle tout ce qu’il y a de plus ordinaire... cerclé d’acier, simplement.”


A percepção da qualidade do seu trabalho

Proust: “Voyez-vous, Céleste, je veux que, dans la littérature, mon œuvre représente une cathédrale. Voilà pourquoi ce n’est jamais fini. Même bâtie, il faut toujours l’orner d’une chose ou d’une autre, un vitrail, un chapiteau, une petite chapelle qu’on ouvre, avec sa petite statue dans un coin.”

Proust: “Et quand je serai mort, vous verrez ce que je vous dis : on me lira, oui, le monde entier me lira. Vous assisterez à l’évolution de mon œuvre aux yeux et dans l’esprit du public.”

Proust: “si, comme il est dit dans cet article, Stendhal a mis cent ans pour être connu, Marcel Proust, lui, mettra à peine cinquante ans.”


Texto presente no blog: http://virtual-illusion.blogspot.pt/2015/06/monsieur-proust.html
… (más)
 
Denunciada
nzagalo | Jul 24, 2015 |

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