“Presença de Anita” é uma obra absolutamente fantástica. Mário Donato explora com sagacidade toda a subjetividade das personagens, com ênfase na sensualidade, na paixão e, principalmente, na tragédia pessoal do ser humano. Crime, mistério, culpa e prazer se fundem na narrativa.

Os conceitos de homem e mulher assumem em “Presença de Anita” uma intensidade de extremos. Eduardo, personagem central do romance, vive rodeado de figuras femininas fortes demais para sua fragilidade de homem. Sua amante Anita é apenas uma delas. Há também Cíntia, uma mulher idealizada que Eduardo busca, perde e reencontra em cada mulher de sua vida. Um objeto eternamente perdido e, por isso, eternamente desejado.

A esposa Lúcia, as cunhadas Augusta e Diana, e até sua mãe são outras das figuras que povoam a fantasia e a realidade que se misturam nos devaneios de Eduardo. Por isso, ele sofre dos nervos. Os outros poucos homens que aparecem na obra também se mostram fracos: o médico de Eduardo, que não compreende nem um décimo de seus problemas e que recomenda drinks e férias para seu tratamento, e o rapaz da mercearia, que conhece o amor com Anita. Ambos pequenos demais para a grandeza dessas mulheres.

As mulheres, fortes, loucas e más, são as verdadeiras donas do destino na obra de Donato. A personagem Anita ficou conhecida quando a TV Globo adaptou o livro “Presença de Anita” de Mário Donato, criando a série televisiva de mesmo nome que projetou a carreira da atriz Mel Lisboa. No livro, Anita é ainda mais intensa, em todos os sentidos.

Resenha originalmente publicada no meu blog:
http://compartilhados.blogspot.com/2007/08/presena-de-anita-de-mrio-donato.html ( )